domingo, 27 de novembro de 2011

TRIBUTO A GEORGE HARRISON



Gênio quieto
texto de Mariana Peixoto - EM Cultura

No fim das contas, o que realmente importa é como e não o quê. Dez anos depois de sua morte, em 29 de Novembro de 2001, George Harrison ganha homenagem na real medida de sua importância. Em três horas e meia, George Harrison – Living in the material world, documentário de Martin Scorsese, traça um impressionante retrato daquele que é chamado por muitos de “o Beatle quieto”. Lançado em outubro, foi exibido em festivais de cinema (no Brasil, ganhou sessão no Festival do Rio) e nas TVs norte-americana e britânica. A HBO Brasil promete exibir o extenso documentário (são três horas e meia, divididas em duas partes) em 2012.

A divisão é clara. A primeira parte é dedicada à fase Beatle e a segunda à carreira solo, a partir de 1970. O projeto teve início em 2005, quando Olivia Harrison, viúva de George, assistiu a No direction home, o irretocável retrato que Scorsese fez de Bob Dylan. Fez a proposta ao cineasta, que a teve a seu lado durante todo o processo de execução (Olivia é uma das produtoras e também lançou um livro a partir do filme, por ora sem edição brasileira). Scorsese teve acesso a um material enorme de imagens, fotografias, documentos, que se juntou àquele de outras produções. Além da total colaboração de amigos, colaboradores e parceiros. Há depoimentos de Paul McCartney, Ringo Starr, Eric Clapton, Yoko Ono, Terry Gillian, Jack Stewart, Ravi Shankar, além de Olivia, do filho Dhani Harrison e da ex, Pattie Boyd. 

Como a história dos Beatles já foi contada inúmeras vezes, Scorsese tirou da manga imagens raras, algumas nunca vistas. A trajetória dos Fab Four ganha então a perspectiva de George (com longos depoimentos em primeira pessoa). Paul McCartney, como que para pôr fim na extensa discussão de que ele e John eram os Beatles “maiores”, afirma que ele tinha igual peso dentro da banda e que George teria criado o refrão de And I love her durante a gravação. Uma personagem do primeiro momento dos Beatles aparece em destaque: a fotógrafa alemã Astrid Kirchherr, namorada de Stuart Sutcliffe, primeiro baixista da banda, que revela fotografias marcantes de George e John Lennon em Hamburgo e Liverpool. 

A segunda parte é ainda mais saborosa. Tem início com o fim dos Beatles, com os momentos de tensão durante a gravação do derradeiro álbum, Let it be (George e Paul discutem e Ringo parece bastante entediado). Na período de transição e em boa parte do que vem depois, Ravi Shankar é a figura de mais forte influência sobre George. “Ravi me ajudou a ser um cantor pop, pois decidi nunca mais tocar cítara, já que vi na Índia que nunca vou conseguir tocar tão bem”, afirmou George. Ringo admite que George parecia muito mais feliz fora dos Beatles. 

Triângulo 
Vários trechos são explicitados por narrações que têm como pano de fundo canções de George e diferentes fotografias. O artifício fica mais claro quando o filme mostra o triângulo amoroso George/Eric Clapton/Pattie Boyd. Em seu depoimento, Clapton relata como apaixonou-se pela então mulher do amigo, de como ele havia levado até relativamente numa boa a traição. Na sequência, com a voz de Pattie em off e imagens dela com os dois, ela relata como se deu o encontro, como se emocionou quando Clapton tocou pela primeira vez Layla, feita para ela, e da reação enfurecida de George ao vê-los juntos. Toda a sequência é embalada pela canção Isn’t a pity (“Não é uma pena?/ Não é uma vergonha?/ Como nós partimos os corações um do outro/ E causamos dor um no outro”).

Mas o cerne do longa-metragem é a busca pelo aprimoramento espiritual de George (Living in the material world/Vivendo no mundo material, é também título de seu álbum de 1973), que é pródigo em mostrar seu envolvimento com a cultura indiana, os hare krishnas, a meditação. “Ele se preocupava em preparar o corpo para morrer”, revela Olivia, muito antes de o marido ser diagnosticado com o câncer que veio a matá-lo. Partes mais espinhosas, como o envolvimento dele com drogas e dificuldades do casamento, aparecem, mas sem grande destaque. “Ele nunca disse que era um santo, mas sempre disse que era um pecador”, defende Olivia. Seja como for, o retrato com as tintas de Scorsese tem cara de definitivo: George Harrison foi, acima de tudo, autêntico.

Isto é George Harrison

Na Suíça, poucas semanas antes de morrer, Harrison recebe a visita de Ringo. O baterista comenta que estava indo a Boston para cuidar da filha, na época com um tumor na cabeça. “Quer que eu vá com você?”, perguntou o guitarrista, já bastante debilitado. Ringo se emociona ao contar a história.

Como o Monty Pyton estava tendo dificuldades para financiar o filme A vida de Brian (1979), Harrison hipotecou sua casa e deu US$ 4 milhões para o grupo

Dhani Harrison revela que quando criança, o pai sempre deixou claro que ele podia fazer o que quiser. “Na minha família, ser rebelde era ir à escola”

Tom Petty conta que durante a gravação do primeiro álbum do supergrupo Traveling Wilburys, Harrison olhou para uma embalagem no estúdio e leu handle with care (manuseie com cuidado). “Este aí é o título da música”, disse Harrison sobre o primeiro single do álbum gravado com Petty, Bob Dylan e Roy Orbison.

Tributos em BH

Veterano da cena cover de BH, o grupo Hocus Pocus, 27 anos tocando Beatles, promove na próxima sexta-feira, à meia-noite, no Circus Rock Bar, um tributo a George Harrison. Além do sucessos dos Beatles compostos por ele (While my guitar gently weeps, Something, Here comes the sun) estarão músicas da carreira solo (Love comes to everyone, Give me love, All those years ago etc).
Informações: (31) 3275-4344.

Também na sexta, às 20h30, no Palácio das Artes, o cantor Aggeu Marques, o grupo Yesterdays, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e o Coral Voz & Companhia, no show Sinfônica Pop, prestam homenagem ao guitarrista, tocando cinco músicas de seu repertório.
Informações: (31) 3236-7400
http://www.fcs.mg.gov.br/agenda/2378,sinfonica-pop.aspx


Fonte do Texto:
http://www.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_19/2011/11/26/ficha_musica/id_sessao=19&id_noticia=46849/ficha_musica.shtml


Fonte das imagens 1 e 2:
http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/toques/tag/george-harrison/
imagem 3: http://www.fcs.mg.gov.br/agenda/2378,sinfonica-pop.aspx

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