sexta-feira, 27 de junho de 2014

HEXAGRAMA 61 - CHUNG FU / A SINCERIDADE / VERDADE INTERIOR

Compreender e fazer-se compreender indicam o caminho a ser seguido. 
A honestidade e a integridade são a base das relações duradouras.


SUN (VENTO)
TUI (LAGO)

A verdade interior se refere ao que, intimamente, sabemos ser verdadeiro. Com frequência, este hexagrama parecer dizer: " Você sabe qual é o problema e também compreende a verdade da questão". Em outras ocasiões, o hexagrama diz respeito a lidarmos com o mal nos outros, através do poder da verdade interior. A imagem de "porcos e peixes" se refere às qualidades obstinadas do ego de uma pessoa. Apegando-nos ao que é certo, acumulamos poder interior, o qual precisa ser em alta dose, a fim de influenciarmos tais pessoas.
São discutidos dois tipos de verdade interior: o primeiro envolve o efeito, no exterior, da influência de nossos pensamentos, corretos ou incorretos, com força para o bem ou para o mal. 
O segundo se refere ao aspecto cósmico da situação... a verdade interior sendo o núcleo da questão, com seu próprio poder para corrigir todos os erros ("manifestam-se efeitos visíveis do invisível").
Antes que a verdade interior de nossos pensamentos adquira poder para o bem, precisamos apreender a verdade interior (ou cósmica) da situação em pauta. Para adquirir essa verdade, antes de mais nada precisamos nos tornar receptivos, suspendendo quaisquer julgamentos anteriores. Mantemos a mente aberta em relação às pessoas. Isto quer dizer que não as "executamos", ao classificá-las de maneira negativa ou por considerá-las irrecuperáveis, além de presumirmos que sejam desonestas, ingratas ou seja o que for.
Também rejeitamos qualquer idéia de que uma coisa não pode funcionar. Permitimos que o improvável e o impossível possam acontecer e acontecem.
Então, transferimos o assunto para o Cosmo.
A verdade interior da questão se tornará transparente no momento oportuno.
O poder da verdade interior acumula-se, à medida que adquirimos conhecimento das leis cósmicas.

Extraído do livro O Guia do I Ching - de Carol K. Anthony

Imagem do Hexagrama 61 por Ben Finney

5 comentários:

  1. Muito bacana e esclarecedor o texto. A verdade é como o vento, está em todo lugar, mas podemos "vê-lo" quando ele toca a superfície da água. Bela metáfora. Obrigado pelo texto!
    PS: se puder me ajudar a esclarecer algo - a terceira linha mutável desse hexagrama, pra mim, me parece um profundo dilema.
    Venho pensando sobre a verdadeira existência de um amor profundo que consegue conectar nós conosco mesmo. Fiz esse questionamento ao I Ching e ele me respondeu com o hexagrama 61, linhas mutáveis 3 e 5.
    Se puder me dar sua opinião, já ficarei bastante grato.
    Abraço

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    1. Agradeço seu comentário, Leandro.
      Olha não tenho um profundo conhecimento do I Ching, sou apenas uma mera admiradora deste fabuloso ensinamento em forma de oráculo.
      Pesquisei nos livros que tenho e vou deixar aqui o que neles encontrei.
      Espero ter ajudado de alguma forma.

      Linha 3:
      A terceira linha é próxima à quarta. São ambas yin. Por isso, o Texto dos Yao diz:
      "Confronta uma adversário." A terceira linha ocupa a posição mais elevada do trigrama inferior, Lago. Interage com o elemento yang na sexta posição. Essas duas linhas chegaram ao extremo e tendem a alternar para seus opostos. Aquele que ocupa esta posição está confuso - primeiro toca tambor, depois para; primeiro soluça, depois canta.
      Esta linha diz que a pessoa deve permanecer sincera e fiel para não se sentir perdida.

      Linha 5:
      A quinta linha ocupa a posição suprema. É um elemento yang em uma posição yang, firme e substancial, a linha principal do hexagrama, representando um indivíduo sincero e fiel.
      O Comentário sobre a Decisão diz: " Alegria e humildade, com fidelidade e sinceridade profundas. Pode-se transformar um país". Essa linha corresponde ao elemento yang na segunda posição, que também é sincero e fiel. Os dois se ligam, formando uma união e mostrando a importância da lealdade e da sinceridade mútua para reunir pessoas.
      É incomum que duas linhas yang correspondentes formem tal vínculo, mas sua sinceridade perfeita possibilita este relacionamento especial.

      Fonte: I Ching - pelo mestre Alfred Huang.
      ***************************************************************************
      continua...

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    2. continuação

      Terceira linha: Ora ele chora, ora canta. Esta linha reforça a importância de mantermos nosso centro de gravidade (independência interior).
      O poder da verdade interior repousa aí. Isto significa que devemos libertar-nos da preocupação e do querer.
      Independência interior significa precisamente isso: não depender emocionalmente de ninguém. Tornamo-nos dependentes dos outros ao dizermos a eles: "Escute, eu me dei a você. Portanto, minha felicidade e amor-próprio dependem de você e de como você me considerar. Eu pertenço a você."
      Isto, naturalmente, é o trabalho de nossa auto-imagem/ego, que não pode existir a menos que se veja refletida nos olhos dos outros. Ela fará qualquer tipo de barganha, na esperança de ser confirmada. Se permitirmos que tal coisa aconteça conosco, devemos tomar de volta o que quer que tenhamos dado. Não temos o direito de nos dar s ninguém e, embora isso possa lisonjear a outra pessoa, ela talvez nos despreze por este motivo, já que não quer tal responsabilidade. Quando essa outra pessoa ficar cansada da lisonja ou da conveniência de nossa servidão, irá nos abandonar. O único relacionamento correto que podemos ter com mais alguém é aquele em que duas pessoas seguem, independentemente, o caminho da verdade e do bem. Mesmo que não tenham ido tão longe a ponto de nos dar, devemos evitar a "tendência emocional". Isto acontece quando "olhamos para os lados". O sentido disso é que definim0s o significado de nossas vidas ou medimos nosso progresso pelo efeito que possamos causar aos outros, assim como sobre o que os outros fazem e pensam. É impossível ter o cuidado suficiente para seguirmos nosso caminho se temos o olho interior fico nos outros. A única possibilidade para a auto-suficiência e a força interior - qualidades inseparavelmente unidas ao poder da verdade interior - é seguirmos nosso caminho, independente de todos os outros e, inclusive, do curso dos acontecimentos.
      Quando as pessoas são incorretas em seu relacionamento conosco, perdemos a independência interior se, apenas para continuarmos convivendo com elas, nós "perdoamos e esquecemos". Não devemos alimentar-lhes o ego, dando a elas a impressão de que, seja o que for que fizerem ,tudo estará bem. Assumindo tal atitude, será apenas uma questão de tempo antes que se tornem nossos tiranos. Por outro lado, não devemos
      insistir sobre seu comportamento; assim, ficaremos contagiados pelo elemento inferior e novamente perderemos o rumo. Precisamos identificar a situação incorreta pelo que ela é, mantendo-nos, em seguida, cuidadosamente desligados da mesma. Isto é julgar, sem permitir que nossa atitude se torne julgadora. Em tais situações, precisamos da ajuda do Poder Superior. A percepção desta necessidade permite que nos mantenhamos equilibrados "na corda bamba", por assim dizer, pois isto é o exigido.

      continua...

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    3. continuação...

      Quinta linha: Ele possui a verdade que tudo interliga. O poder da verdade interior, proveniente de nossa firme adesão aos nossos princípios e da manutenção da independência interior, desenvolve uma força inflexível, diluindo o elemento inferior dos outros. A verdade existe (aqui o Sábio e a verdade são intercambiáveis). Todos sabemos que ela se situa no nível mais profundo da consciência, embora possamos duvidar disto, em nível consciente. Quando nos apegamos a esta verdade interior, ela tem poder para unir as pessoas, embora os outros possam pensar que nossos atos afastam-se da unidade. Não obstante, quando levados pelo ego, por sua preocupação e seu desejo, por sua ansiedade em forçar as coisas a uma conclusão e a controlá-las, não mais seguimos a verdade e perdemos seu poder para ajudar.
      Pessoas moralmente corretas e rigorosas consigo mesmas automaticamente atraem respeito alheio. Entretanto, se buscam a valorização por suas qualidades, a influencia que possuem diminui. Quando alguém se liberta de toda vaidade, o poder de sua personalidade é restaurado. Novamente, dissipam-se a desconfiança e a suspeita que bloqueiam a influência da pessoa. Desta maneira, o poder da verdade tem o dom de unir.

      Fonte: O Guia do I Ching - Carol Anthony

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  2. Olá Soraia,
    Obrigada por sua explicação da linha 3 - foi a mais clara que encontrei e me ajudou muito.
    Tudo de bom!

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Boas vindas!